quinta-feira, 3 de julho de 2014

Lobo Branco


                      Lobo Branco, de David Gemmell, é o 10º livro da saga Drenai

             Por que razão haveria eu de apresentar uma saga a começar no seu décimo título, perguntam? Para começar, este foi o primeiro livro do escritor traduzido para português.Também importante de notar, a leitura desta saga não requer que o leitor siga a ordem cronológica pela qual os livros foram publicados. Aliás, se estiverem interessados em experimentar estes livros, aconselho vivamente a ler os livros por uma ordem aleatória. Os livros da saga Drenai pertencem todos ao mesmo mundo, mas decorrem em diferentes épocas e, por vezes, em diferentes regiões. Ao longo dos livros as personagens misturam-se umas com as outras; personagens que lemos num livro estão mortas noutro; Gemmell adiciona referências a acontecimentos de outros livros - criando uma relação de cumplicidade com as várias histórias e personagens.






                Para quem não conhece Gemmell, era um jornalista e editor de um jornal que mais tarde se tornou escritor a tempo inteiro. Teve uma infância conturbada, uma adolescência descontrolada e aterrou na sua vida adulta como jornalista, altura em que aproveitou para escrever vários projetos sobre as forças especiais britâncias - SAS. Gemmell foi um dos primeiros a quebrar o molde de "Bom vs Mal" que percorria pela fantasia. As suas personagens principais são, na sua grande maioria, guerreiros, homens e mulheres normais a enfrentarem situações extraordinárias, por vezes inevitavelmente fatais. O seu percurso de vida pessoal é reflectido pelas personagens que Gemmell constrói. São homens violentos, agressivos, anti-heróis, e no que toca a este tipo de personagens nunca li ninguém capaz de desenvolver personagens mais verossímeis que as de Gemmell. Homens que veem situações cinzentas a preto e branco ou homens que apenas entendem tons de cinza. As suas descrições são rápidas, transmitindo ainda assim uma imagem nítida e clara daquilo que quer descrever (um técnica sem dúvida desenvolvida ao longo do seu trabalho enquanto jornalista), as cenas de acção são frias, sem floreados e os diálogos de arrepiar a espinha.


                O Lobo Branco apresenta pela primeira vez Olek Skilgannon, O Maldito (The Damned, na versão inglesa), um general que renuncia o seu cargo e tenta criar uma vida pacífica. Contudo, como muitas das personagens de Gemmell, Skillgannon é um homem de violência, foi para isso que treinou, é o único modo de vida que conhece e rapidamente se apercebe que não pode, e não quer, fugir do passado.


                  Para quem quiser experimentar a saga Drenai, o Lobo Branco é um dos melhores livros por onde se começar, dado que é, na minha opinião, um livro bem conseguido por Gemmell e tem todos os aspectos que classificam o escritor: óptima e credível construção de personagens, introdução fácil ao mundo criado, acção rápida e direita ao assunto e mistura de personagens de outros livros, tal como a personagem mais icónica de Gemmell: Druss, A Lenda.


                  Como pequeno extra, aqui está a ordem cronológica de publicação dos livros e a ordem cronológica dentro das histórias. Contudo volto a reforçar a ideia de que podem ler os livros desta saga em qualquer ordem que vos apetecer (ainda que hajam alguns livros mais correlacionados entre si tal como Waylander e Waylander II), o que talvez cria uma experiência diferente e mais pessoal, já que a decisão da ordem pela qual leem os livros é vossa.



Ordem Cronológica de Publicação

1.  Legend
2.  The King Beyond The Gate
3.  Waylander
4.  Quest for Lost Heroes
5.  Waylander II: In the Realm of the Wolf
6.  The First Chronicles of Druss the Legend
7.  The Legend of Deathwalker
8.  Winter Warriors
9.  Hero in the Shadows
10. White Wolf (Lobo Branco)
11. The Sword of Night and Day (As Espadas da Noite e do Dia, também traduzido para português)


Ordem Cronológica das Histórias

1.  Waylander
2.  Waylander II: In the Realm of the Wolf
3.  Hero in the Shadows
4.  The First Chronicles of Druss the Legend
5.  The Legend of Deathwalker
6.  White Wolf
7.  Legend
8.  The King Beyond the Gate
9.  Quest for Lost Heroes
10. Winter Warriors
11. The Swords of Night and Day

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Lâmina, de Joe Abercrombie



     Joe Abercrombie é, sem dúvida, uma nova voz na Fantasia. Em dois sentidos. Nova porque o seu primeiro livro foi publicado em 2007 (The Blade Itself), o que é relativamente novo, ainda que estejamos a viver uma época em que cada vez mais livros de Fantasia e Ficção Científica são publicados. Nova também pela sua abordagem original e refrescante. A sua escrita é visceral e directa, as suas personagens são carregadas de defeitos e ainda estou para descobrir um herói nos seus livros. Joe Abercrombie tem sido importante a terminar o tom actual da Fantasia, que foge cada vez mais ao clássico épico de "bons" contra "maus". 

     Surgiu até um nome que tenta agrupar o tipo de livros deste escritor: "grimdark". A expressão sugere que são negros, pesados, deprimentes. Pessoalmente não gosto desta classificação. É certo que as personagens de Abercrombie são moralmente ambíguas e raramente agem de forma pura e altruísta, mas é isso que as torna verossímeis, pois o Mundo em que se inserem é negro. Contudo, os livros estão longe de serem pesados ou deprimentes, pois o humor de Abercrombie está presente em todas as páginas. Pessoalmente divirto-me mais a ler uma conversa entre soldados em que estes se insultam e refilam constantemente, do que o oposto. Custa-me a acreditar que homens com plena consciência de que podem morrer no dia seguinte estariam preocupados em fazer o que está certo, em vez de sobreviverem, e fazerem-no a radiar boa disposição...


               



     A Lâmina (The Blade Itself) foi o primeiro livro de Joe Abercrombie e foi um sucesso imediato. Tal como disse, a sua abordagem foi diferente e, mais importante, bem sucedida. Abercrombie não é um pioneiro neste tipo de Fantasia. Para isso teria de falar sobre The Black Company, de Glen Cook. A verdade é que Abercrombie fê-lo com sucesso, numa fase da Fantasia em que os leitores estavam ansiosos por algo diferente (veja-se o sucesso aterrador de George R.R. Martin).

     Li este livro em inglês, pouco depois de ter sido publicado. Quase 4 anos mais tarde foi publicado em Portugal pela Edições Gailivro. O livro faz parte de uma trilogia já acabada e o facto do segundo livro já estar também publicado em Portugal - A Forca (Before They Are Hanged) - é um forte indicativo de que a editora está disposta a continuar a apostar em Abercrombie. Porém, como disse, só li o livro em inglês e nada posso dizer sobre a sua tradução. Os diálogos conseguem ser bastante gráficos e a linguagem usada é bastante agressiva, apropriada às personagens. O vocabulário de uma personagem civilizada, bem abastada e habituada a um estilo de vida mais requintado será um pouco diferente do de soldados e guerreiros habituados a uma vida de violência desde que aprenderam a andar... Espero que o/a tradutor(a) se tenha mantido fiel à versão inglesa.

     Se quiserem ler algo moderno e diferente, que vos faça rir ou ranger os dentes, aconselho experimentar Joe Abercrombie, seja em inglês ou em português. O seu Mundo é muito bem estruturado, o que lhe permite dar bastante mais ênfase às personagens e ao enredo, do que a explicar a malha que está por detrás a suportar tudo. A acção é implacável e incessante. As personagens são na sua maior parte muito boas e as restantes simplesmente geniais.




sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Começar pelo início

     Este será o primeiro post deste blog e servirá como introdução do que será o seu conteúdo (potencialmente interessante) e de mim próprio (nada interessante).

     Sou um (razoavelmente) ávido leitor. Embora tente não restringir-me a um único género de livros, Fantasia e Ficção Científica são os meus dois géneros predilectos. Desde há já alguns anos que tenho o hábito de diariamente bisbilhotar pela internet à procura de novos livros e autores que possa ler, quer seja em outros blogs com reviews e notícias quer seja em sites de lojas mais comuns aqui em Portugal (Fnac, Bertrand, etc).

     Foi graças a esse hábito que descobri e seleccionei praticamente todos os livros que li até hoje. Foi também devido a esse hábito que um bichinho chato e picuinhas se começou a formar na minha cabeça (ali na parte detrás, ao lado da minha capacidade de concentração). Esse ser irritante desenvolveu-se e acabou por se transformar numa opinião (provavelmente errada e mal fundada, mas é minha, portanto roam-se de inveja!). Após começar a acreditar que o género do Fantástico e Ficção Científica é muito mal representado em livrarias e lojas mais abrangentes (Fnac, p.ex. - tem tudo menos armas e drogas, a não ser que entrem pela porta detrás), apercebi-me ainda que há muito poucos sites portugueses sobre o assunto.

     Não quero desenvolver muito sobre essa minha opinião (cai um pouco fora do objectivo deste post), mas ainda assim a responsabilidade de prestar, pelo menos, algumas satisfações compele-me a dizer qualquer coisa e provavelmente o farei num futuro post

     O que queria deixar esclarecido para já é que por causa dessa minha ideia fiquei com vontade de começar um blog tanto sobre Fantasia como Ficção Científica, particularmente sobre livros (para vossa infelicidade, que são obrigados pelos meus duendes sanguinários a ler os meus posts). Não quero cometer o erro de achar que as minhas opiniões e sugestões sobre estes assuntos são de tal forma valiosa, que nem percebo como é que vocês conseguiam respirar antes de lerem, não, absorverem estas palavras. Penso simplesmente que este género é mal representado aqui no que toca a livros (daí que muitos dos livros que leio são em inglês, encomendados de fora) e que posso ajudar a expandir um pouco os horizontes aqui neste cantinho do Mundo.

     Espero que este seja o primeiro post de muitos (ou alguns, vá) e que não tenha sido entediante ao ponto de vos afugentar. Aliás, se chegaram até estas palavras, talvez não tenha sido assim tão mau. Isso ou vocês precisam de consultar o vosso médico de família.